terça-feira, 1 de maio de 2012

Homem do campo mostra resistência e comemora o Dia Internacional do Trabalho


O Dia Internacional do Trabalho não passou em branco no município de Feira de Santana. Mais do que isso, mostrou que a união das pessoas simples da zona rural faz toda diferença e que o sertanejo é forte em suas convicções por dias melhores.

 Ney Silva


“O sertanejo é antes de tudo um forte”. Essa frase eternizada pelo escritor Euclides da Cunha em seu romance Grandes Sertões Veredas presente na vida de milhares de nordestinos por várias décadas pôde ser comprovada nesta terça-feira 1º de maio, Dia Internacional do Trabalho, durante manifestação ocorrida na sede do distrito de Bonfim de Feira no município de Feira de Santana.

O evento organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais levou alegria, cultura e lazer para mais de 4 mil pessoas. As caravanas vindas dos oito distritos começaram a chegar por volta das 8:30h á sede do distrito deixando a praça em frente á igreja lotada. Nos bares, mercearias e nas estreitas ruas do distrito o clima foi de muita descontração.
O forte calor de Bonfim de Feira por causa da sua localização em um morro e a triste seca que assola todo o município não foram motivos para desanimar os trabalhadores rurais. Eles assistiram discursos de políticos governistas e de oposição e de dirigentes de órgãos públicos municipais e estaduais que levaram esperança a quem sofre tanto com a estiagem.

Secretario diz que sem chuva situação pode piorar
“Nossa preocupação é que se não chover e a estiagem se prolongar com poucos recursos para atender a grande demandado do homem do campo a situação pode piorar”. A afirmação foi feita pelo secretario municipal de Agricultura Ozenir Moraes que esteve na manifestação.

Ele reforçou o pedido feito na homilia pelo padre Luiz Carlos que celebrou missa para a comunidade na praça, pedindo a Deus que possa socorrer o povo mandando muita chuva. O secretário informou que a seca é tão grave que até mesmo em comunidades onde existem poços artesianos o volume de água foi reduzido. “ São 600 cisternas em toda zona rural e os 07 carros pipa que dispomos são insuficientes para fazer o abastecimento”, disse Ozenir.

Para amenizar o sofrimento do homem do campo o prefeito Tarcízio Pimenta viaja para Brasília na próxima semana. O secretário Ozenir Moraes disse que os poucos recursos que chegaram da Coordec ( órgão do governo da Bahia) não atendem as necessidades dos trabalhadores.

Coordenadora da EBDA anuncia ações emergenciais
A coordenadora da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) Edilza Reis foi ao evento. Ela disse que o governo do estado reconhece o drama que estão vivendo os trabalhadores da zona rural.“ Temos que pensar em ações estruturantes e uma delas será lançada daqui a dois meses. É a implantação de uma bio-fábrica de mudas de palmas resistentes”,informou.

 Com essa ação que terá supervisão técnica da empresa, Edilza Reis prevê que o agricultor vai conseguir manter uma boa quantidade de animais em cada hectare dando-lhes alimentação com palma forrageira que será distribuída em todo estado da Bahia.A previsão segundo ela é que a cultura da palma seja implantada a partir de 2013 na zona rural.

Outra ação considerada de impacto pela coordenadora é o programa Garantia Safra, que reduziu pela metade o valor da contribuição dos trabalhadores. Ao invés de R$ 6,80, o trabalhador vai pagar apenas R$ 3,40 e o governo da Bahia financia a outra parte. O valor do Seguro Safra é de R$ 680 que começará a ser liberado a partir do mês de dezembro.

O drama de quem vive a seca
Representando o distrito Governador João Durval, a líder comunitária Amália de Jesus Costa confirmou que o problema da estiagem é muito grave. ”Já secou as aguadas e não conseguimos plantar nada”, lastima-se a trabalhadora. Ela informou que ninguém fez plantação e aguarda a chegada da chuva desde o mês de março.

O povoado de Barra, distrito de Jaguara a 70 quilômetros de distancia para a cidade de Feira de Santana é um dos mais sofridos. Uma caravana com 50 pessoas também participou das comemorações.
A trabalhadora rural Conceição Sousa de Jesus não escondia a tristeza das pessoas daquela comunidade.“ As cisternas estão todas secas e a água para os animas e consumo humano está difícil”, afirma.

Na opinião dela apesar de todo o sofrimento valeu comemorar o 1º de maio para reivindicar mais atenção dos governantes para o homem do campo. “ Se está difícil água, o alimento está cada vez mais escasso para os animais. Estamos comprando mandacaru e palma já com muita dificuldade”, disse Conceição.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais José Ferreira Sales ( Zé Grande), disse que estava surpreso com a presença do púbico. Segundo ele, a previsão era receber cerca de 2 mil pessoas mas estimou que existiam mais de três mil trabalhadores na praça.

Ele confirmou as dificuldades relatadas pelos trabalhadores e disse que a data é importante para reflexão .“Esse é um momento para cobrarmos dos governos municipal e estadual mais políticas públicas para essas pessoas”, salientou Zé Grande.
O Dia Internacional do Trabalhdo não passou em branco no município de Feira de Santana. Mais do que isso, mostrou que a união das pessoas simples da zona rural faz toda diferença e que o sertanejo é forte em suas convicções por dias melhores.



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