O Dia Internacional do Trabalho não passou em branco no município de Feira de Santana. Mais do que isso, mostrou que a união das pessoas simples da zona rural faz toda diferença e que o sertanejo é forte em suas convicções por dias melhores.
Ney Silva
“O sertanejo
é antes de tudo um forte”. Essa frase eternizada pelo escritor Euclides da
Cunha em seu romance Grandes Sertões Veredas presente na vida de milhares de nordestinos
por várias décadas pôde ser comprovada nesta terça-feira 1º de maio, Dia
Internacional do Trabalho, durante manifestação ocorrida na sede do distrito
de Bonfim de Feira no município de Feira de Santana.
O evento
organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais levou alegria, cultura e
lazer para mais de 4 mil pessoas. As caravanas vindas dos oito distritos
começaram a chegar por volta das 8:30h á sede do distrito deixando a praça em
frente á igreja lotada. Nos bares, mercearias e nas estreitas ruas do distrito
o clima foi de muita descontração.
O forte
calor de Bonfim de Feira por causa da sua localização em um morro e a triste
seca que assola todo o município não foram motivos para desanimar os trabalhadores
rurais. Eles assistiram discursos de políticos governistas e de oposição e de dirigentes
de órgãos públicos municipais e estaduais que levaram esperança a quem sofre
tanto com a estiagem.
Secretario diz
que sem chuva situação pode piorar
“Nossa
preocupação é que se não chover e a estiagem se prolongar com poucos recursos
para atender a grande demandado do homem do campo a situação pode piorar”. A
afirmação foi feita pelo secretario municipal de Agricultura Ozenir Moraes que
esteve na manifestação.
Ele reforçou
o pedido feito na homilia pelo padre Luiz Carlos que celebrou missa para a
comunidade na praça, pedindo a Deus que possa socorrer o povo mandando muita
chuva. O secretário informou que a seca é tão grave que até mesmo em
comunidades onde existem poços artesianos o volume de água foi reduzido. “ São
600 cisternas em toda zona rural e os 07 carros pipa que dispomos são insuficientes
para fazer o abastecimento”, disse Ozenir.
Para
amenizar o sofrimento do homem do campo o prefeito Tarcízio Pimenta viaja para
Brasília na próxima semana. O secretário Ozenir Moraes disse que os poucos
recursos que chegaram da Coordec ( órgão do governo da Bahia) não atendem as necessidades
dos trabalhadores.
Coordenadora
da EBDA anuncia ações emergenciais
A
coordenadora da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) Edilza Reis
foi ao evento. Ela disse que o governo do estado reconhece o drama que estão
vivendo os trabalhadores da zona rural.“ Temos que pensar em ações
estruturantes e uma delas será lançada daqui a dois meses. É a implantação de
uma bio-fábrica de mudas de palmas resistentes”,informou.
Com essa
ação que terá supervisão técnica da empresa, Edilza Reis prevê que o agricultor
vai conseguir manter uma boa quantidade de animais em cada hectare dando-lhes
alimentação com palma forrageira que será distribuída em todo estado da Bahia.A
previsão segundo ela é que a cultura da palma seja implantada a partir de 2013 na
zona rural.
Outra ação considerada
de impacto pela coordenadora é o programa Garantia Safra, que reduziu pela
metade o valor da contribuição dos trabalhadores. Ao invés de R$ 6,80, o
trabalhador vai pagar apenas R$ 3,40 e o governo da Bahia financia a outra
parte. O valor do Seguro Safra é de R$ 680 que começará a ser liberado a partir
do mês de dezembro.
O drama de quem vive a seca
Representando o distrito Governador João Durval, a líder
comunitária Amália de Jesus Costa confirmou que o problema da estiagem é muito
grave. ”Já secou as aguadas e não conseguimos plantar nada”, lastima-se a trabalhadora.
Ela informou que ninguém fez plantação e aguarda a chegada da chuva desde o mês
de março.
O povoado de Barra, distrito de Jaguara a 70 quilômetros de distancia
para a cidade de Feira de Santana é um dos mais sofridos. Uma caravana com 50 pessoas
também participou das comemorações.
A trabalhadora rural Conceição Sousa de
Jesus não escondia a tristeza das pessoas daquela comunidade.“ As cisternas
estão todas secas e a água para os animas e consumo humano está difícil”,
afirma.
Na opinião dela apesar de todo o sofrimento valeu comemorar o
1º de maio para reivindicar mais atenção dos governantes para o homem do campo.
“ Se está difícil água, o alimento está cada vez mais escasso para os animais.
Estamos comprando mandacaru e palma já com muita dificuldade”, disse Conceição.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais José
Ferreira Sales ( Zé Grande), disse que estava surpreso com a presença do púbico.
Segundo ele, a previsão era receber cerca de 2 mil pessoas mas estimou que existiam
mais de três mil trabalhadores na praça.
Ele confirmou as dificuldades relatadas pelos trabalhadores e
disse que a data é importante para reflexão .“Esse é um momento para cobrarmos
dos governos municipal e estadual mais políticas públicas para essas pessoas”, salientou
Zé Grande.
O Dia Internacional do Trabalhdo não passou em branco no
município de Feira de Santana. Mais do que isso, mostrou que a união das
pessoas simples da zona rural faz toda diferença e que o sertanejo é forte
em suas convicções por dias melhores.