Ney Silva
Reportagem Especial
A dupla de violeiros Caboquinho e João Ramos na 11ª Caminhada do Folclore
Grupos de capoeiristas, samba de roda, bumba meu boi, violeiros e travadores, o autêntico forró pé de serra entre muitas outras manifestações populares coroaram com êxito a 11ª Caminhada do Folclore de Feira de Santana realizada na manhã de hoje (29/08).O evento é coordenado pelo Cuca- Centro Universitário de Cultura e Arte da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Antes de irem para Avenida Getulio Vargas os integrantes dos grupos foram recepcionados com um café da manhã no Centro de Cultura Amélio Amorim. Contando com o apoio da Policia Militar e dos agentes da SMT - Superintendência Municipal de Trânsito, os grupos folclóricos começaram a se organizar na avenida por volta das 8Hs:30m e logo depois iniciou-se o desfile.
A população feirense compareceu e prestigiou a Caminhada do Folclore. Do alto dos viadutos e das sacadas das janelas de prédios e condomínios e nos dois lados da Getulio Vargas podia se vê um verdadeiro “ tapete humano” com quase cinco quilômetros de extensão. Foi uma explosão de alegria e do que existe de melhor das nossas tradições.
Falta de incentivo e apoio ás entidades culturais
A professora Marilene Brito que coordena um grupo de samba na Vila São José no distrito Governador João Durval (Ipuaçu), mostrava-se feliz com o resultado da caminhada. Em 10 dos 11 anos da festa ela participa com o grupo. “ É muito importante estar aqui com essas pessoas. Aqui você pode vê o quanto eles são artistas. Cantam, dançam e isso é muito bom”. Afirmou.
Ela informou que desenvolve um trabalho social com o grupo de Samba da Vila São José e da Comunidade dos três Riachos e os resultados são bons. Segundo Marilene, crianças e adultos estão se sentindo estimuladas ao estudo e alguns até já concluíram o ensino médio. “ Essa festa que a Uefs promove permite que as pessoas possam se manifestar”, disse. Ela lamentou, no entanto a falta de apoio das autoridades para que esses grupos sociais possam ter mais força impedindo que crianças e adolescentes entrem no chamado “ mundo das drogas”.
Coordenando o grupo de capoeira São Francisco, o professor Raimundo Nonato também concorda com a professora Marilene Brito e diz que falta incentivo das autoridades. “ Eu queria que as autoridades olhassem mais para a gente. Vários jovens que participaram da capoeira hoje trabalham no Banco do Brasil, Caixa Econômica, e na Embasa”, observou.
Segundo o professor essas pessoas antes de conhecerem a capoeira eram meninos e meninas de rua que acabaram tendo uma oportunidade. Ele citou que os professores Antonio Lopes da Famfs – Fundação de Apoio á criança e Adolescente e Almir Pinto tinham um projeto muito bom que acabou por falta de apoio.
Do conjunto Feira X, crianças e adultos da Associação Presidente José Sarney também mostravam seus talentos com os tambores proféticos. O presidente da Associação Isaias dos Santos ( Isaias de Diogo) enfatizou que além de aprender a tocar instrumentos de percussão os integrantes do grupo também tem a oportunidade de conhecer o futebol.
“ São mais de 150 crianças que participam do futebol e cursos profissionalizantes”,informou.
A cidade de irará também foi representada pelo grupo São Cosme e Damião. Formado principalmente por mulheres elas mostravam o samba de roda. Trajando saias floridas cantavam e dançavam á vontade com muito orgulho.
O samba de roda invadiu mesmo a avenida Getúlio Vargas. Da comunidade de lagoa da Camisa distrito de Maria Quitéria, a Quixabeira comandada por Francisco Pereira da Silva, “ O Veio” como é mais conhecido levou muita alegria. Ele destacou que estar na caminhada é muito bom porque é uma oportunidade de se divulgar a cultura baiana.
Ao avaliar a 11ª Caminhada do Folclore a coordenadora do Cuca, Selma Oliveira disse que o evento este ano superou todas as expectativas tanto de público como de entidades de Feira de Santana e de outros municípios. Ela informou que em 2009 foram 120 atrações e este ano 140. “ Este é o único evento que tem todas as características na Bahia em valorizar a cultura do povo”, afirmou.
Sobre as reclamações de alguns coordenadores de entidades sobre a falta de incentivo e apoio das autoridades para a cultura popular, Selma Oliveira concorda que isso é uma verdade. “ Cultura e arte no Brasil é relegada a último plano. Os políticos estão interessados em outros objetivos”, protestou. Ela Lembra que a própria dinâmica do país leva a outros objetivos e quem faz cultura sofre. “ Precisamos de mais apoio. Violência gera violência”, disse.